União da Igreja de Santa Gertrudes à Basílica de São João Latrão

Cópia do Documento de União com a Basílica de São João Latrão - 1950Segundo as Escrituras, desde o começo dos tempos, foi-se criando uma dívida espiritual entre os fortes e fracos no mundo, fato esse que levou os Povos de Israel, já no ano de 670 AC a instituírem "O ANO DOS PERDÕES", ou "ANO SANTO", que deveria acontecer de 50 em 50 anos. Nesse ano em questão, todos os pecados, dívidas e rixas deveriam ser perdoados. Esse fato não tem comprovação histórica. Porém, no ano de 1300, o Papa Bonifácio VIII estabelece que aquele seria o ANO SANTO e que a partir daquela data, em intervalos de 50 em 50 anos, tal celebração fosse realizada pela Igreja Católica.

Cópia do Documento de União com a Basílica de São João Latrão - 1950

Nesse ano, a Igreja concede aos fieis novas indulgências. Indulgências são absolvições dos castigos temporais que são sofridos nesta ou na outra vida e servem para purificar a alma dos pecados que já foram perdoados na confissão. Essas indulgências se aplicam também a todas as almas que estão no Purgatório, que segundo os ensinamentos da Igreja, seria uma espécie de incômoda sala de espera do Paraíso, onde ficam as almas de pessoas que não entram diretamente. Indulgências também podem ser ganhas com peregrinações às grandes Basílicas de Roma, Jerusalém, Belém e Nazaré, às Catedrais das dioceses do mundo, assim como visitas aos enfermos, presidiários, idosos solitários e inválidos e com a doação de parte da riqueza pessoal em obras de caridade.

Durante o Ano Santo, em alguma das 4 Basílicas de Roma é aberta a "Porta Santa", e quem passar por ela tem todos seus pecados absolvidos. Esse ato remete ao salmo "Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim , será salvo"(Jo 10,9). Essa porta foi aberta pela primeira vez na história no ano de 1423 na Basílica de São João Latrão e tem se repetido desde então seguindo um ritual onde ela é aberta com três marteladas. Como é impossível que todos os fiéis espalhados pelo mundo se dirijam a Roma, a Basílica onde está localizada a Porta se atrela às outras basílicas que por sua vez se atrelam à outras igrejas espalhadas pelo mundo para que os fiéis que adentrarem tais igrejas recebam as indulgências da mesma forma como tivessem ido pessoalmente à tal Basílica. Era de interesse da Igreja Católica que o maior número de fiéis conseguisse ter acesso às indulgências, mas tinha ao mesmo tempo que escolher sabiamente quais igrejas seriam atreladas às Basílicas. Essa escolha dependia de vários fatores, um , logicamente era geográfico, mas era também uma forma de agraciar aquelas igrejas que haviam demonstrado especial ligação à Roma.

No caso da Igreja de Santa Gertrudes, pode-se inferir que Eduardo Prates foi um homem de grande prestígio para a Igreja e o atrelar da igreja da fazenda à Basílica de São João Latrão serviu dois propósitos, um seria o de estender o perdão a um grande número de fiéis, neste caso, os trabalhadores da fazenda; outro seria uma forma da Igreja homenagear Eduardo Prates e atestar que a igreja construída por ele era de fato verdadeira e que representava sim a Santa Igreja em terras brasileiras.


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